Liturgia

Segundo Domingo da Quaresma: A Plenitude da Manifestação do Amor – Santo Tomás de Aquino

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Se Deus Pai Entregou Cristo à Paixão

«O que não poupou nem o seu próprio Filho, mas por nós todos o entregou» (Rm 8, 32) 

Cristo sofreu voluntariamente, em obediência ao Pai. E de três modos Deus Pai entregou Cristo à paixão:

1o. Conforme sua eterna vontade, determinou a paixão de Cristo para a libertação do gênero humano, de acordo com o que diz Isaías: «O Senhor carregou sobre ele a iniqüidade de todos nós» (Is 53, 6) e «O Senhor quis consumí-lo com sofrimentos» (Is 53, 10).

2o. Porque lhe inspirou a vontade de sofrer por nós, ao lhe infundir o amor. E na mesma passagem se lê: «Foi oferecido porque ele mesmo quis» (Is 53, 7).

3o. Por não livrá-lo da paixão, expondo-o a seus perseguidores. Assim, lemos no Evangelho de Mateus que o Senhor, pendente na cruz, dizia: «Deus meu, Deus meu, por que me abandonastes?» (Mt 27, 46), ou seja, porque o expôs ao poder dos que o perseguem.

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É ímpio e cruel entregar à paixão e morte um homem inocente, contra a vontade dele. Não foi assim, porém, que Deus Pai entregou Cristo, mas sim por lhe ter inspirado a vontade de sofrer por nós. Nisso se demonstra tanto a severidade de Deus, que não quis perdoar os pecados sem a pena, o que observa o Apóstolo, quando diz: «O que não poupou nem o seu próprio Filho» (Rm 8, 32), como a sua bondade, pois, dado que o homem não podia dar uma satisfação suficiente por meio de alguma pena que sofresse, deu-lhe alguém para cumprir essa satisfação. É o que assinala o Apóstolo ao dizer: «Ele o entregou por nós todos» e a Carta aos Romanos diz: «A quem, ou seja, Cristo, que Deus propôs como vítima de propiciação, em virtude de seu sangue» (Rm 3, 25).

A mesma ação é julgada boa ou má, dependendo das diferentes fontes de que proceda. Assim, foi por amor que o Pai entregou Cristo, e o próprio Cristo se entregou; por isso, ambos são louvados. Judas, porém, o entregou por cobiça. Os judeus (que O entregaram), por inveja. E Pilatos, por temor mundano porque temia a César. Por isso, são todos censurados.

III, q. XLVII, a. III

Cristo, porém, não foi devedor da morte por necessidade, mas por caridade para com os homens, por querer a salvação dos homens, e por caridade para com Deus, por querer cumprir a sua vontade, como diz no Evangelho de São Mateus: «Não como eu quero, mas sim como tu queres» (Mt 26, 39).

II, Dist. 20, q. I, a. V
(P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae.)

 

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