I – O lugar que competia a Jesus Ressuscitado era o Céu, que é a morada das almas e dos corpos bem-aventurados. Quis Jesus, todavia, permanecer quarenta dias sobre a terra, e aparecer repetidas vezes a seus discípulos para os certificar da sua resurreição e instruí-los nas coisas relativas a sua Igreja.
Tendo desempenhado esta nobre missão, quis o Senhor, antes de deixar a terra, mostrar-se mais uma vez aos apóstolos em Jerusalém; e por não acreditarem na sua resurreição, ordenou-lhes que fossem para o Monte das Oliveiras, o lugar onde tinha começado a sua Paixão, afim de que compreendessem que o verdadeiro caminho para ir ao céu é o dos sofrimentos.
Depois, repetiu-lhes mais uma vez o que já lhes havia ordenado, especialmente que fossem pregar o Evangelho pelo mundo inteiro; o Divino Redentor levantou as mãos e os abençoou.
Em seguida, como medita São Boaventura, Jesus abraça a Sua Santíssima Mãe e aperta-a contra o coração, anima e conforta os seus discípulos, que, entre lágrimas, lhe beijam os pés, e com as mãos levantadas e o semblante extraordinariamente majestoso e amável, coroado e vestido como rei, se eleva lentamente ao Céu, levando em sua companhia as numerosíssimas almas justas, livradas do limbo.
A esta vista, todos os presentes ajoelham novamente e Jesus mais uma vez os abençoa. Afinal uma nuvem subtrai o Divino Redentor, e Jesus vai sentar-se à direita do Pai, onde não cessa de ser nosso Medianeiro e Advogado.
Avivemos a nossa fé, e contemplemos o júbilo que a entrada triunfal de Jesus causou no Paraíso: alegremo-nos com o nosso Divino Mestre, e unamos os nossos afetos aos de Maria Santíssima, e dos santos discípulos.
II. Como a águia ensina seus filhos a voarem, assim, no Mistério da Ascensão, Jesus Cristo nos exorta a elevar o nosso vôo e acompanhá-lo ao Céu, senão com o corpo, ao menos com nosso coração.
Desprendamos os nossos corações da terra, e suspiremos pela pátria celeste, onde se encontra a nossa felicidade plena: esperando, como diz o Apóstolo, “a adoção de filhos de Deus, a redenção de nosso corpo” (Rm 8, 23).
Entretanto, tenhamos sempre diante dos olhos os exemplos da vida mortal do Senhor; imitando a sua humildade e mansidão, o seu espírito de mortificação, a sua caridade e o seu zelo pela Glória Divina.
Numa palavra, despojemo-nos do homem velho, revestindo-nos das virtudes de Jesus Cristo, que são como que o manto, que, à imitação de Elias, Ele deixou para seus discípulos, quando subiu ao Céu.
Participe do nosso grupo do whatsapp para receber conteúdo em primeira mão. CLIQUE AQUI
Para vencermos todas as dificuldades que se encontram no caminho do Senhor, recordemos muitas vezes a grande verdade que os anjos ensinaram aos discípulos, que, arrebatados, olhavam o céu, para o qual acabava de subir o seu amado mestre: “Jesus Cristo voltará um dia à Terra com a mesma majestade e glória, como Juiz dos vivos e dos mortos” (Atos 1 ,11).
Meu querido Redentor Jesus, regozijo-me pelo vosso triunfo glorioso, e rogo-vos que arranqueis de meu coração todo o afeto aos bens miseráveis desta terra, para não suspirar senão pelos do Paraíso, que Vós merecestes para mim, pela Vossa Paixão.
A mesma Graça peço de Vós, ó Pai Eterno. Concedei-me que, assim como creio firmemente que Vosso Filho Unigênito e Nosso Redentor subiu ao Céu, assim possa continuamente morar ali com o meu espírito e os meus desejos.
Fazei-o pelo amor do mesmo Jesus Cristo e pela intercessão de Maria Santíssima. Amém.
Meditações de Santo Afonso Maria de Ligório
Tomo II
Comentários