Liturgia

Festa de Pentecostes: A Ação do Espírito Santo Hoje

0
Reprodução Internet
Compartilhe nossos posts em suas redes

 

O Tempo de Pentecostes que ocorre desde o dia da festa até ao primeiro Domingo do Advento, abrange de 23 a 28 semanas, conforme a data da Páscoa. O caráter particular deste tempo é a esperança.

Pentecostes é a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos, isto é, sobre a Igreja e toda a comunidade cristã. É a operação de Jesus Cristo, completada pelo Espírito Santo, como o divino Mestre o havia predito e prometido muitas vezes.

É o Espírito Santo iluminando a Igreja, vivificando as almas, e fixando nelas a sua morada pela graça santificante. Estes efeitos são a grande causa da esperança, com que podemos considerar o porvir.

Esta festa data dos tempos apostólicos, e forma com a Páscoa e a Ascensão, a tríplice festividade do triunfo de Jesus Cristo sobre a morte, o mundo e as almas.

A Obra do Espírito Santo

Antes de subir ao céu, Jesus Cristo havia recomendado aos seus Apóstolos que se recolhessem ao Cenáculo, e esperassem até a vinda do Espírito Santo.

“Eu mandarei sobre vós o Espírito Santo prometido por meu Pai : entretanto permanecereis na cidade, até que sejais revestidos da virtude do alto.” (Lucas 24, 49 ).

“João, na verdade, batizou em água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo, daqui a poucos dias.” (Atos 1, 5).

Em obediência a estas recomendações do divino Mestre, os Apóstolos permaneceram, pois, no Cenáculo, e puseram-se a orar com Maria, Mãe de Jesus, com os discípulos e as santas mulheres, à espera do Espírito Santo, que desceu sobre eles, nove dias depois da Ascensão.

Contemplemos esta cena gloriosa e expressiva, recolhendo os ensinamentos, que dela emanam: I – A descida do Espírito Santo; II – Os efeitos produzidos sôbre os Apóstolos.

Leia também: 

I – A descida do Espírito Santo

Recolhidos no Cenáculo por ordem do Salvador, Pedro e seus companheiros meditavam as últimas palavras do Mestre.

Eles, pobres iletrados, ignorantes, a pregarem o Evangelho a toda criatura! Eles, desprezados pelos judeus, a apresentarem à adoração do mundo, aquela Cruz sobre a qual o seu Mestre acabava de expirar! Não era isso tentar o impossível?

Assim eles pensariam, porém não o pensaram, porque tinham confiança nas palavras de Jesus Cristo, e no Espírito Santo, que devia ensinar-lhes todas as coisas.

No nono dia, pelas 8 horas da manhã, de súbito produziu-se um rumor de vento violento, que, com grande ruído, encheu toda a sala onde estavam sentados, enquanto apareceram línguas de fogo, semelhantes a chamas ardentes, que foi colocar-se acima da cabeça da Mãe de Jesus.

Aí se dividiu em línguas, indo pousar sôbre cada um dos Apóstolos. Sob aquele emblema de fogo, vinha o Espírito Santo comunicar-lhes todos os dons do céu, a inteligência para interpretarem as Escrituras, a força para enfrentarem seus inimigos, e o dom das línguas para ensinarem a todos
os povos.

Transformados num instante, com aquela efusão miraculosa da graça, começaram logo os Apóstolos a formularem, em diversas línguas, os pensamentos, que o Espírito Santo lhes ditava. Em breve se viram rodeados pela multidão, que os escutava pasmados.

Como é isso?! exclamaram, não são esses homens galileus? Como é que nós os ouvimos todos falar a língua da nossa terra? Há entre nós, Partos, Medos, Elamitas, Judeus, Capadócios, Mesopotâmicos, Asiáticos, Egípcios, Romanos, Celtas e Árabes, e todos nós ouvimos celebrar em nossas línguas as maravilhas de Deus!

Ninguém podia explicar este mistério, quando alguns judeus inimigos disseram : “Nada de prodigioso em tudo isto ; são uns homens em estado de embriaguez, que se agitam fora de si pelo efeito do vinho”.

Deste insulto tomou Pedro ocasião para instruí-los: “Homens da Judéia, bradou ele, e vós todos vindos a Jerusalém, não estão ébrios estes homens, mas inspirados por Deus.”

E Pedro começa a fazer a exposição da vida, paixão e morte do Filho de Deus, com tanto ardor, tanta ciência sobrenatural, que, neste dia mesmo, três mil homens creram em Jesus Cristo e receberam o Batismo. Estava, com isto, fundada a Igreja de Jerusalém, e milhares de vozes iam anunciar a todas as nações o nome de Jesus.

Alguns dias depois, Pedro e João, indo ao templo, curaram, milagrosamente, um coxo, que estava à porta; pedindo esmolas. Segue outro sermão de S. Pedro, mais penetrante ainda que o precedente, ocasionando a conversão de mais de cinco mil homens.

Tanto êxito devia, necessariamente, despertar entre os chefes dos judeus, o seu ódio um instante adormecido. Eis Pedro e João citados perante o tribunal de Caifás, onde defenderam com altivez a sua fé em Jesus Cristo. À proibição, que os chefes lhes fizeram de falar do nome de Cristo, os Apóstolos responderam : “Não podemos calar-nos sobre o que vimos e ouvimos!”

E continuaram a pregação, sem fazer caso da proibição e das ameaças do Sinédrio, querendo, como dizia Pedro: “primeiro obedecer a Deus que aos homens”.

II – A Obra do Espírito Santo

Assistimos aqui a uma mudança total dos Apóstolos. Antes, eram homens ignorantes, vacilantes, medrosos, e de repente transformados em homens instruídos, corajosos, mostrando a seu Divino Mestre, um amor e uma dedicação, que não souberam mostrar-lhe durante a vida.

A obra do Espírito Santo, na alma dos Apóstolos, foi de transformação, que se operou ao mesmo tempo: no espírito, na vontade, no coração deles. O espírito precisa de verdade; a vontade precisa de coragem; o coração precisa de amor.

São estes três dons, que aparecem, de modo particular, na obra do Espírito Santo.

Primeiro: Ele os enche com a Verdade

Jesus Cristo, que se dizia, com razão, a Verdade, havia começado esta obra, porém como Ele o disse, havia muitas outras coisas, que eles deviam conhecer, mas de que não eram ainda capazes naquela hora.

Jesus lhes havia ensinado tudo o que comportavam a sua disposição, a sua capacidade, as suas necessidades, mas reservou a coroação da sua obra para o Espírito Santo.

Eis porque os Apóstolos, pela vinda do Espírito Santo, compreenderam melhor o que Jesus lhes ensinara, adquiriram as novas ciências, que exigiam a sua nova situação de anunciadores da Igreja.

Segundo: A transformação da vontade deles

Até aí esta vontade era fraca, sem resistência, nem firmeza. Pedro sabia dar o seu brado de energia, porém, na primeira ocasião do perigo, a sua vontade vacilava, e transformava-se numa fraqueza que ia até a covardia.

Conhecemos a fraqueza dos Apóstolos. Estavam repletos de boa vontade e de sinceridade, porém todos eram vacilantes, medrosos, sem energia. Depois de Pentecostes nada mais deste medo existe. Pregam por toda parte. E aos chefes dos judeus, que pretendem amedrontá-los com ameaças e castigos, respondem sem hesitar: “Não podemos calar-nos!”.

E não se calam: falam diante dos príncipes, dos reis, governadores e diante do Sinédrio, com altivez inspirada.

Terceiro: A transformação do amor ao Divino Mestre

Amavam o Divino Mestre, não havia dúvida. Mas quanto egoísmo neste amor! Eis que o Espírito Santo, sob a forma de línguas de fogo, sopra sobre eles, e ei-los, a ter um coração ardente, de palavra inflamada, a pregarem em toda parte o amor de seu Divino Mestre.

Jesus havia dito: “Vim trazer o fogo do amor à terra e que quero eu, senão que ele se acenda?”

O divino Mestre depositara no coração dos Apóstolos este fogo divino, e o Espírito Santo, soprando sobre eles, produziu estas chamas ardentes que devem abrasar o mundo inteiro.

Tal é a obra divina do Espírito Santo:

  1. Produziu, no espírito dos Apóstolos, centelhas de verdade.
  2. Fortificou a sua vontade, dando-lhe uma força divina.
  3. Acendeu nos corações deles o fogo do divino amor.

III – Conclusão

Oh ! como precisamos da festa de Pentecostes, para que estas mesmas transformações se operem em nós. Somos tão vacilantes no espírito, como o somos na vontade e no amor.

Precisamos de convicção religiosa, de luz para o espírito, para compreendermos melhor a grandeza, a beleza e a necessidade das verdades religiosas.

Precisamos de firmeza para a nossa vontade enfraquecida pelo ambiente mundano em que vivemos. Pobre vontade, joguete das ocasiões, aos perigos, das ideias mundanas; ela quer reagir e agir, mas sente-se paralizada pelo peso das tentações do mundo, da carne e do demônio.

Precisamos de amor, deste amor nobre, puro, que não procura, egoisticamente, o prazer no amor, nos sentidos e da carne, mas agradar a quem ama. Amar é doar. Doar é esquecer-se de si mesmo, para agradar a quem ama.

Imploremos ao Espírito Santo, que desça sobre nós, como desceu sobre os Apóstolos e opere em nós as mesmas transformações. Notemos que tal graça foi concedida aos Apóstolos, enquanto perseveravam na oração, juntos com a Mãe de Jesus.

Padre Julio Maria Lombarde – Meditação das Festas Litúrgicas

Conheça o Belo Sentido do Rito de Apagar o Círio Pascal no dia de Pentecostes

Previous article

O Mistério da Santíssima Trindade

Next article

You may also like

More in Liturgia

Comments

Comments are closed.