Uma carta original escrita por São João Bosco, datada de 1885, foi encontrada no Arquivo da Inspetoria de Recife (PE) e se soma a outras relíquias do fundador dos Salesianos.
De acordo com a Agência de Notícia Salesiana (ANS), no Capítulo Geral 28, o Inspetor da Inspetoria Salesiana do Brasil-Recife (BRE), Pe. Nivaldo Luiz Pessinatti havia manifestado o desejo de se dedicar ao Arquivo Inspetorial, deixado com cuidado e organização pelo salesiano Irmão Robério Moraes Ramos, falecido em 24 de fevereiro deste ano.
Neste arquivo, encontrou entre os documentos e fotografias uma carta original de Dom Bosco, escrita em 30 de setembro de 1885, endereçada a Pe. Giordano.
A missiva, que está guardada em um relicário, também está transcrita nas Memórias Biográficas de Dom Bosco (Volume XVII, Cap. XXII, p. 622).
De acordo com a Inspetoria do Recife, “esta relíquia se soma a outras relíquias extraordinárias que nossa Inspetoria conserva com singular afeto: um cálice e uma patena usados por Dom Bosco, símbolos da primeira fonte de toda a sua atividade educativa; uma estola sacerdotal, sinal da sua vocação e santidade vivida até ao último respiro em favor dos jovens; e, agora, a carta que revela o empenho missionário de sua obra que chegou até nós pela divina providência”.
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Na carta, São João Bosco fala sobre o apostolado salesiano no Brasil e incentiva Pe. Giordano a buscar vocações.
“Deverá, portanto, trabalhar muito para buscar companheiros e achar vocações”, escreve Dom Bosco e acrescenta em seguida: “Nos próximos exercícios ou em outras ocasiões em que você puder falar com nossos coirmãos, pode dizer-lhes que fui informado de que a messe é grande, mas pequeno o número dos trabalhadores; entretanto, nós rezaremos, e a ajuda de Deus não deixará de mandar quantos forem necessários”.
A seguir, a íntegra da carta de Dom Bosco:
Caríssimo P. Giordano,
É com grande prazer que eu seus companheiros recebemos suas cartas e as lemos durante estes exercícios espirituais. Seus escritos serão sempre bem-vindos quando no-los enviar.
Certamente V. deve estar passando por muitas dificuldades, especialmente no início de uma missão tão extensa quanto a de São Paulo, não é verdade?
Deverá, portanto, trabalhar muito para buscar companheiros e achar vocações. Asseguram-me que estas ali são muito poucas; por isso, se conseguir descobrir alguma, deverá fazer todo o esforço e toda despesa que nos seja possível para que se realize.
Nós aqui temos muitas; todavia, se pudesse mandar-me mesmo que fossem algumas centenas nos agradaria; procuraríamos prepará-las e reexpedi-las, para ajudá-lo nas missões até ao Mato Grosso.
Nos próximos exercícios ou em outras ocasiões em que você puder falar com nossos coirmãos, pode dizer-lhes que fui informado de que a messe é grande, mas pequeno o número dos trabalhadores; entretanto, nós rezaremos, e a ajuda de Deus não deixará de mandar quantos forem necessários.
Estou aqui em S. Benigno com 160 noviços que se preparam para fazer os votos. Os pregadores são o P. Francesia e o P. Lemoyne, que repetidamente falam de você e de seus colegas.
O mesmo número teve o retiro anterior, mas esses são pré-noviços que na próxima semana começarão seu noviciado regular.
Adeus, meu sempre querido P. Giordano. Cuide bem de sua saúde. Deus o abençoe e aos nossos Irmãos que trabalham consigo e ganham muitas almas para o céu. Saúde a todos por mim e diga-lhes que todos os dias na Santa Missa peço a Jesus e a Maria para que nos ajudem a salvar muitas almas e sejamos todos um dia felizes no tempo e na bendita eternidade. Amém.
Todos os nossos Coirmãos o saúdam e rezam por você. Vocês por sua vez rezem incessantemente pelo Seu
S.Benigno, 30 de setembro de 1885.
Seu afeiçoadíssimo amigo em J. C.
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