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Quarta aparição de Nossa Senhora em Fátima – 13 de agosto de 1917

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Local: Valinhos

Data: 19 de agosto de 1917

Pessoas presentes (no dia 13): 15000 a 18000, embora alguns escritos falem de apenas 5000

A quarta aparição foi assinalada por inúmeros acontecimentos que marcaram profundamente a vida das crianças: Seus pais foram intimados pelas autoridades locais, o padre local não lhes dava crédito, foram elas submetidas a exaustivos interrogatórios, sequestradas, ameaçadas de morte e até mesmo ficaram presas em uma cadeia pública junto com outros detentos!

No dia marcado para a aparição não puderam comparecer, mas nem por isso Nossa Senhora de Fátima deixou de visitá-los dias depois em outro local, onde pede novamente que rezem muito pelos pecadores, porque “vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas.”

Aproximava-se o dia 13 de agosto, data prevista para a quarta aparição da Mensageira Celestial. A situação das crianças, porém, não era nada fácil. Elas estavam no meio de um fogo cruzado, pois, de um lado, havia autoridades civis e políticas abertamente contrárias à Religião e, de outro, a prudência da Igreja que não se pronunciava favoravelmente com relação às aparições.

Eram os anos posteriores à queda do regime monárquico em Portugal, fato ocorrido em 1910, e a Igreja Católica vivia dias difíceis. O administrador do concelho de Vila Nova de Ourém, Artur de Oliveira Santos, era anticatólico. Como Fátima pertencia justo ao concelho de Vila Nova de Ourém,  o administrador mandou intimar os pais dos pastorinhos, com seus filhos, para o sábado, dia 11 de agosto, ao meio-dia.

Na realidade, os pais de Lúcia não acreditavam nas aparições e esperavam que o medo vencesse a filha, para que pudessem voltar à tranquilidade de seus afazeres.

Lúcia e o pai foram inquiridos a respeito do Segredo e ela resistiu, mesmo tendo sido ameaçada de morte. O Sr. Marto foi sozinho e não levou Jacinta nem Francisco, pois ele e Da. Olímpia, sua esposa, pensavam diferente dos pais de Lúcia. O administrador foi duro com o Sr. Marto, porque ele não levou os filhos, e resolveu ir até sua casa, desta vez acompanhado de um sacerdote.

O sequestro dos pastorinhos

Estando o administrador em casa dos pastorinhos, acompanhado do pároco local, quis interrogar Francisco e Jacinta. Como não conseguiu nenhum resultado, resolveu se utilizar de uma artimanha, levando os videntes até a casa do pároco, para serem novamente examinados por ele e pelo próprio sacerdote.

O pároco, querendo “lavar as mãos” e ficar bem com a autoridade civil, interrogou Lúcia primeiro, dizendo-lhe que estavam mentindo, enganando muita gente com a história das aparições, concluindo que todo aquele que diz mentiras vai para o inferno… A menina, inspirada pelo Espírito Santo, respondeu com firmeza: “Se quem mente vai para o inferno, eu não vou para o inferno. Porque eu não minto e digo somente o que vi e o que a Senhora me disse. Quanto ao povo que vai lá, vai porque quer. Nós não chamamos ninguém”.

Tendo sido frustrada a tentativa, o administrador resolveu usar de outra tática. Enganou os pastorinhos, os convidando a irem em seu carro até o local das aparições, mas na verdade os sequestrou, indo para Ourém a toda a velocidade. Lá, os deixou em casa com sua esposa. Cumulou os pequenos de saborosas comidas, fazendo-os brincar com os próprios filhos. Esperava, com isso, amolecer as crianças com todas aquelas manifestações de falsa amabilidade.

Deste modo, os pastorinhos passaram o dia da aparição distantes da Cova da Iria. Na ocasião, Francisco soube exprimir bem a dúvida que brotava no coração dos três pastorinhos: “Nossa Senhora é capaz de ter ficado triste, por a gente não ir à Cova de Iria, e não volte mais a aparecer-nos. E eu gostava tanto de A ver!”

E, com uma inocência de comover qualquer coração, concluía: “Decerto não nos apareceu no dia 13 para não ir à casa do senhor administrador, talvez por ele ser tão mau”.

Enquanto isso, na Cova da Iria…

Já na Cova da Iria, uma multidão calculada entre cinco a seis mil pessoas, esperava os pequenos videntes na hora em que Nossa Senhora de Fátima costumava aparecer.

Desde as onze horas o povo rezava e cantava. No entanto, onde estavam as crianças? Por volta do meio-dia, enquanto rezavam o Terço, chegou alguém de Fátima com a notícia do rapto dos pastorinhos, despertando forte indignação entre todos.

Neste momento, repentinamente ouviu-se um leve murmúrio, seguido de um estrondo de trovão e um relâmpago, como das outras vezes. Viram, então, uma nuvenzinha branca, transparente e leve, pousar suavemente sobre a carrasqueira por uns instantes. Pouco depois, elevou-se e se dissipou no azul do céu. Tudo indica que Nossa Senhora de Fátima veio e, não encontrando os pequenos, Se retirou, manifestando-Se por meio destes sinais para que a multidão se desse conta de sua presença.

A prisão das crianças

Havendo passado a noite na casa do administrador, na manhã seguinte os guardas levaram os pequenos para exaustivos interrogatórios na sede da administração. Queriam a todo custo descobrir o Segredo, mas as crianças ficaram firmes e tudo foi em vão. Até mesmo ouro lhes ofereceram; todavia eles resistiram e não contaram nada.

Depois, partiram para as ameaças, e ameaças terríveis para pequenas crianças, como a de jogá-las num caldeirão de azeite onde morreriam fritas. Por fim, o administrador terminou por prender os pastorinhos numa cela da cadeia pública, junto com criminosos.

Jacinta chorava com saudade dos pais, que temia nunca mais voltar a ver. Francisco, para encorajar a irmãzinha e a prima a oferecerem tais tormentos como sacrifício pela conversão dos pecadores, conforme o Anjo e a própria Virgem os havia ensinado, disse: “A mãe, se não a tornarmos a ver, paciência! Oferecemos pela conversão dos pecadores. O pior é se Nossa Senhora não volta mais! Isso é que mais me custa! Mas também o ofereço pelos pecadores”.

A isto, Jacinta acrescentou que deviam oferecer também pelo Santo Padre e em reparação às ofensas cometidas contra o Imaculado Coração de Maria.

No convívio com os criminosos, na prisão, resolveram rezar o Terço. Cena inaudita: os detentos que ali se encontravam se ajoelharam também, movidos pelo exemplo irresistível daqueles três confessores da Fé.

Apesar do alívio que sentiram na recitação do Terço, terminada a oração Jacinta voltou-se para a janela e tornou a chorar. Os presos que ali se encontravam queriam consolar aquela heroína de apenas sete anos, tentando convencê-la a revelar o Segredo:

“— Mas vocês – diziam eles – digam ao senhor administrador lá esse Segredo. Que lhes importa que essa Senhora não queira?
“— Isso não! – respondeu a Jacinta com vivacidade – Antes quero morrer”.

Ameaças e heroísmo dos videntes

Chegou a hora mais crucial da prova: chamaram os pastorinhos para o gabinete do administrador. Em tom intimidativo, este mandou levar Jacinta para, segundo sua ameaça, o caldeirão de azeite fervendo, já que ela não revelava o Segredo. Pensavam que, sendo a mais nova, não resistiria ao medo e o contaria. No entanto, a menina acompanhou aquele que a chamava sem dizer uma palavra.

Em seguida pegaram Francisco pelo braço. Ele, em lágrimas, mas resoluto e firme, tampouco contou o Segredo. Por fim, foi a vez de Lúcia… Ainda que tivesse a ideia de que seus primos estivessem mortos e de que ela seria a próxima, não revelou o Segredo e resistiu àquela cruel pressão, também com heroísmo notável.

Pouco tempo depois, estavam ela e os dois primos num quarto, abraçando-se com alegria! Sem embargo, o tormento ainda não havia passado. Recordemos que a todo este sofrimento se deve acrescentar o aparente abandono da família e as dúvidas que o pároco levantou…
No dia seguinte, 15 de agosto, festa da Assunção de Maria, o administrador os submeteu a novos inquéritos. Vendo perdido seu intento, temendo o pior, devido a um verdadeiro levante popular em defesa das crianças, e querendo salvar a própria pele, resolveu devolvê-las na residência do pároco de Fátima.

Nossa Senhora os visita em Valinhos

Tendo em vista que não se encontraram com Nossa Senhora no dia 13 de agosto, os pastorinhos ficaram com um misto de esperança e desânimo…

Quatro dias depois do sequestro, em 19 de agosto, Jacinta não foi ao campo, e seu irmão João, de onze anos, a substituiu na guarda do rebanho. Estando próximos de Aljustrel, num local chamado Valinhos, Francisco e Lúcia, por volta das quatro horas da tarde, perceberam algo de sobrenatural prenunciando a chegada da Celeste Mensageira.

Lembraram-se imediatamente de Jacinta e pediram que João fosse chamar sua irmã às pressas, chegando esta justo a tempo da aparição.

Assim narra Lúcia o que aconteceu:
“Entretanto, vi, com o Francisco, o reflexo da luz a que chamávamos relâmpago; e chegada a Jacinta, um instante depois, vimos Nossa Senhora sobre uma carrasqueira.

“— Que é que Vossemecê me quer?
“— Quero que continueis a ir à Cova de Iria no dia 13, que continueis a rezar o Terço todos os dias. No último mês, farei o milagre, para que todos acreditem.
“— Que é que Vossemecê quer que se faça ao dinheiro que o povo deixa na Cova de Iria?
“— Façam dois andores: um, leva-o tu com a Jacinta e mais duas meninas vestidas de branco; o outro, que o leve o Francisco com mais três meninos. O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário e o que sobrar é para a ajuda duma capela que hão de mandar fazer”.

Lúcia pede pela cura de uns doentes e Nossa Senhora de Fátima diz que alguns curaria durante o ano.

Em seguida, com uma fisionomia entristecida acrescenta: “Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas”.

Como se pode facilmente concluir, a Virgem Maria, em sua indizível bondade materna, quis vir em socorro daqueles filhos prediletos para os confortar depois do terrível sofrimento pelo qual haviam passado.

“Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados” (Mt 5, 4).

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