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Vida, obras e milagres da primeira Santa que viveu no Brasil

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Toda a existência da Serva de Deus foi uma tradução prática do seu propósito fundamental: “Sou somente do meu Jesus, que tanto amo”, “Quero ser vossa para sempre, ó Senhor, a última das vossas filhas, que quer ser sempre a última, para estar mais próxima de Vós, meu caro Jesus”.

Amábile Lúcia Visintainer nasceu em 16 de dezembro de 1865, filha de Napoleone Visintainer e Anna Pianezzer. Ele, membro da Ordem Terceira Franciscana, e ela, da Irmandade do Santíssimo Sacramento. Nascida de pais  pobres de bens materiais, mas ricos das virtudes cristãs, foi batizada no dia seguinte e crismada em 1874 em Vígolo Vattaro, província de Trento, Itália.

Com quase 10 anos de idade, Amábile emigrou com sua família para o Brasil, em 1875, para Santa Catarina, onde foram designados os imigrantes italianos. A assistência religiosa era assegurada pelos padres jesuítas italianos. Os  nomes das localidades que surgiram recordam aqueles das cidades de origem e, por isso, os lugares onde se fixaram os sultiroleses passaram a se chamar Nova Trento, Vígolo, etc.

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Amábile cresceu nos trabalhos de casa e da roça. Conheceu outra menina, Virgínia, filha de Francesco Nicolodi, com quem seu pai, Napoleone, construiu um moinho de farinha. Às duas jovens foi entregue o moinho, onde passavam o dia em oração e cânticos piedosos.

Recebida a Primeira Comunhão aos 12 anos, Amábile foi encarregada do catecismo às crianças, da visita às pessoas doentes e da limpeza da Capela de Vígolo, localidade onde morava.

Certo dia, por inspiração do Céu, Amábile fez proposta à Virgínia para deixar tudo e morar num casebre, perto da Capela: para rezar, trabalhar, cultivar o espírito e ajudar os pobres doentes. Era a inspiração fundacional da “obra”, que Maria Imaculada vai pedir mais tarde, num sonho: “Quero que comeces uma obra…” Nesse mesmo sonho viu ela muitas jovens que um dia fariam parte da futura Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição,  algumas vivas até hoje.

Assim, numa região desprovida de casas religiosas e diante da necessidade de cuidar dos doentes, Amábile, aos 25 anos, com a permissão de seu pai, e a aprovação do Pe. Marcello Rocchi, SJ, passou a morar num casebre, em Vígolo, para aí cuidar de uma cancerosa desamparada. Era o dia 12 de julho de 1890. Esta data é considerada o dia da fundação da obra da Serva de Deus, que nos planos do Senhor constitui uma das primeiras Congregações  Religiosas fundadas no Brasil.

Em 1895, o pequeno grupo, que se formara em torno de Amábile em Vígolo e que se havia transferido a Nova Trento, recebeu a aprovação do Bispo de Curitiba com o nome de Filhas da Imaculada Conceição.

Em dezembro do mesmo ano fizeram os votos religiosos e ela recebeu o nome de Irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus. Ela tinha então 30 anos. É Madre Paulina quem introduz em Nova Trento a primeira fábrica de tecidos, pioneirismo que mereceu diplomas e condecorações nacionais e internacionais em tempos de poucos meios de comunicação.

Depois da fundação das Casas de Nova Trento e Vígolo, em 1903, transferiu-se para São Paulo, seguindo conselho e convite do Pe. Luigi M. Rossi, SJ, que já fora pároco de Nova Trento e nomeado Superior da Residência de São Paulo.

Pouco tempo depois, na colina do Ipiranga junto a uma capela aí existente, iniciou a obra “Sagrada Família” para abrigar os filhos de ex-escravos depois da abolição da escravatura, em 1888.

Nas vésperas da transferência para São Paulo, Pe. Rossi, que possuía todas as faculdades para a direção das Filhas da Imaculada Conceição, cuidou da organização jurídica da Congregação com um Capítulo, que é a reunião das representantes da congregação, celebrado em fevereiro de 1903, no qual Madre Paulina foi eleita Superiora Geral.

O governo de Madre Paulina durou 6 anos, nos quais, com o afluir das vocações, a Fundadora pôde realizar a fundação de outras três casas no Estado de São Paulo.

No ano de 1909 a Fundadora sofreu uma terrível prova. Por causa das dificuldades criadas pela intromissão de pessoas estranhas apoiadas por algumas religiosas e pela autoridade eclesiástica, Madre Paulina foi deposta num manobrado Capítulo Geral no mês de agosto de 1909. Foi-lhe  reconhecido e conservado somente o título de “Veneranda Madre Fundadora”.

De 1909 a 1918 viveu na casa por ela fundada em Bragança Paulista. Foram nove anos de prova, de humilhações materiais e da noite mística do espírito. Estes anos foram considerados pelo Pe. Rossi como clara permissão de Deus para que Madre Paulina se tornasse “vítima de amor e reparação” pela santificação de suas filhas.

Em 1918, Madre Paulina foi chamada à Casa Geral em São Paulo, com pleno reconhecimento de suas virtudes, para servir de exemplo às jovens vocações da Congregação, que desde 1909 assumira o nome de “Irmãzinhas da Imaculada Conceição”.

No período que vai de 1918 a 1938, distinguiu-se pela oração constante, pela amorosa e contínua assistência às irmãs doentes. Madre Paulina fez jus ao título dado pelos habitantes de Vígolo: enfermeira, ou seja, ser-para-os-
outros, sobretudo para os enfermos por quem nutre uma paixão que preenche todo o arco de sua vida, desde a avozinha paterna de Vígolo Vattaro até os cuidados com Madre Vicência, a Superiora Geral, que falece em 1931.

Em 1938 começou a Via-Sacra dos sofrimentos por causa do diabete: progressivas amputações e até a cegueira total.

Em 9 de julho de 1942, com a habitual jaculatória nos lábios: “Seja feita a vontade de Deus”, morreu piamente no Senhor.

Toda a existência da Serva de Deus foi uma tradução prática do seu propósito fundamental: “Sou somente do meu Jesus, que tanto amo”, “Quero ser vossa para sempre, ó Senhor, a última das vossas filhas, que quer ser sempre a última, para estar mais próxima de Vós, meu caro Jesus”.

Já em vida gozou de veneração, mas, sobretudo na morte e depois, a fama de
santidade aumentou sempre. No testamento deixado à Congregação, Madre Paulina dizia: “Confiai sempre muito na Divina Providência; nunca, jamais, desanimeis, embora venham ventos contrários. Novamente vos digo, confiai em Deus e em Maria Imaculada; permanecei firmes e radiantes”.

A Congregação, aprovada em 25 de agosto de 1895, possui hoje mais de 600 religiosas, estando presente em 11 países. Impossível em poucas linhas saborear a grandeza desta Serva de Deus que o povo há muito já tinha como santa!

Milagres e Canonização

O primeiro milagre foi registrado em Imbituba (SC), no qual foi reconhecida a cura instantânea, perfeita e duradoura de Eluíza Rosa de Souza, que possuía uma doença complexa: a morte intra-uterina do feto e sua retenção por alguns meses; extração com instrumentos e revisão do útero, seguida de grande hemorragia e choque irreversível. O caso foi discutido e, posteriormente, o Santo Padre ratificou em decreto aprovando as conclusões da Congregação para as Causas dos Santos.

Já o segundo milagre comprovado ocorreu com a menina Iza Bruna Vieira de Souza, de Rio Branco (AC). Ela nasceu com má formação cerebral, diagnosticada como “meningoencefalocele occipital de grande porte”. No quinto dia de vida, foi submetida, embora anêmica, a uma cirurgia e, depois de 24 horas, apresentou crises convulsivas e parada cardiorrespiratória.

A avó da menina, Zaira Darub de Oliveira, rezou à Madre Paulina durante toda a gestação da filha e também durante o período no hospital. A menina Iza Bruna foi batizada no próprio hospital, dentro do balão de oxigênio, e logo se recuperou.

A cura foi atestada pelo Santo Padre e, no dia 19 de maio de 2002, o São João Paulo II canonizou Santa Paulina, reconhecendo suas virtudes em grau heroico: humildade, caridade, fé, simplicidade, vida de oração, entre outras.

Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus, rogai por nós!

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