São Martinho de Tours é um dos santos mais venerados da Igreja Católica, exemplo de humildade, caridade, coragem e zelo pastoral. Sua vida é marcada por milagres, profunda compaixão pelos pobres e um amor ardente por Deus, que o acompanhou desde a juventude até a morte.
Infância e descoberta da fé
São Martinho nasceu na Hungria, filho de pais pagãos. Ainda criança, aos dez anos, era movido pela curiosidade a visitar as igrejas católicas, onde observava o culto e escutava a doutrina cristã. O que via e ouvia encantava profundamente seu coração.
Sem que seus pais soubessem, pediu para ser admitido entre os catecúmenos que se preparavam para o santo batismo. Rezava com fervor e praticava obras de virtude desde muito cedo.
Juventude no exército e o famoso milagre do manto
Aos quinze anos, foi sorteado para o exército imperial e enviado para Amiens, na França. Mesmo no ambiente difícil dos soldados, fugia dos vícios e pecados, mantendo pureza de língua e de comportamento.
O tempo que muitos dedicavam aos jogos e à bebida, Martinho empregava na oração e na leitura piedosa. Sua caridade com os pobres era notável.
Durante um inverno rigoroso, encontrou um mendigo tremendo de frio. Não tendo dinheiro, cortou seu próprio manto ao meio e deu a metade ao pobre.
Naquela mesma noite, Jesus Cristo lhe apareceu vestido com a metade do manto, dizendo:
“Este aqui é Martinho, o soldado romano não batizado: ele me cobriu com seu manto”.
Profundamente tocado, Martinho decidiu dedicar sua vida inteiramente a Deus.
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Batismo, formação e fundação do primeiro convento
Aos dezoito anos, recebeu o batismo e deixou o serviço militar. Procurou o Bispo Hilário, que o recebeu com alegria e o instruiu na fé. Com sua autorização, Martinho voltou à Hungria para evangelizar seus pais. Sua mãe converteu-se; seu pai, porém, permaneceu pagão, o que o entristeceu profundamente.
Expulso pelos arianos, voltou à França, onde Hilário permitiu que fundasse um pequeno convento. Ali viveu entregue à oração e à penitência. Nesse período, ocorreu o milagre em que ressuscitou um homem que desejava ser batizado, mas falecera antes do sacramento.
Eleito Bispo de Tours
Quando o Bispo de Tours faleceu, o povo, unanimemente, pediu que Martinho fosse seu sucessor. Embora fosse para ele um grande sacrifício, reconheceu na vontade popular o desejo de Deus e aceitou o episcopado.
Perto da cidade, ergueu um mosteiro onde viveu em comunidade com os monges. Visitava toda a diocese, administrava sacramentos, socorria os pobres e zelava com grande cuidado pela ornamentação das igrejas.
Alguns notavam que, ao entrar no templo, Martinho tremia por todo o corpo. Quando lhe perguntavam o motivo, respondia:
“Não tenho razão de encher-me de temor ao comparecer na presença da suprema Majestade?”
Exemplo de mansidão e paciência
Um sacerdote que havia sido muito piedoso caiu em má conduta e passou a atacar e insultar Martinho. O santo bispo o advertiu com caridade, mas foi ignorado e até humilhado publicamente.
Alguns monges sugeriram expulsar o rebelde, mas Martinho respondeu:
“Se Jesus suportou um Judas, por que eu não suportaria a Briccio?”
E acrescentou que o próprio Briccio seria seu sucessor — profecia que muitos ridicularizaram, inclusive o próprio acusado.
Após a morte de São Martinho, Briccio realmente converteu-se profundamente, assumiu o bispado e terminou sua vida como santo.
Combate à idolatria e o milagre da árvore
Martinho lutou com firmeza contra a idolatria ainda presente em sua diocese. Em mais de uma ocasião, correu risco de morte entre os pagãos.
Havia uma árvore venerada supersticiosamente. Quando Martinho decidiu derrubá-la, os pagãos se opuseram e lhe fizeram uma proposta ousada:
“Nós mesmos cortaremos a árvore, se prometeres ampará-la com as próprias mãos durante a queda. Se isso acontecer, reconheceremos o Deus que pregas.”
Martinho aceitou. Colocou-se no lado para o qual a árvore cairia.
Com golpes vigorosos, o tronco foi partindo até que a árvore desabou. Martinho a amparou milagrosamente e desviou sua queda, sem ferir ninguém. Diante disso, muitos pagãos se converteram em massa ao cristianismo.
Doença, última tentação e morte
Aos 81 anos, Deus lhe anunciou que seu fim estava próximo. Os discípulos choraram e lhe disseram:
“Por que nos abandonas? A quem nos deixarás? Lobos vorazes investem contra teu rebanho.”
Martinho respondeu:
“Senhor, se vosso povo ainda precisa de mim, estou pronto para trabalhar mais; mas seja feita a vossa vontade.”
Satanás apareceu-lhe horrivelmente na hora da morte, tentando-o pela última vez. O santo, firme, respondeu:
“Que procuras aqui, monstro sanguinário? Nada tenho contigo.”
São Martinho morreu por volta do ano 400, cheio de méritos e amado por todo o povo.
Reflexões espirituais
São Martinho tratava o templo com profundo respeito, consciente de que estava na presença do Deus vivo. Se todos tivessem a mesma fé e reverência, a conduta dentro das igrejas seria bem diferente.
Como disse o Patriarca Jacó:
“Terrível é este lugar! Aqui é a casa de Deus e a porta do céu.”
Os templos são casas de oração. Faltas de respeito dentro deles ofendem a Deus e podem atrair castigos.
Portanto:
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Comporte-se sempre com reverência na igreja.
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Não colabore com desrespeitos.
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Lembre-se de que estás diante do teu Deus e eterno Juiz.
Na Luz Perpétua – Padre João Batista Lehmann






























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