Liturgia

FESTA DE CRISTO REI – Pe. Julio Maria Lombarde

0
Compartilhe nossos posts em suas redes

 

Esta festa foi instituída em 1925, para proclamar a soberania universal de Jesus Cristo. É a reação contra a praga, que hoje avassala a sociedade: o espírito de independência e de revolta. Este espírito muda de nome conforme as circunstâncias: é o Liberalismo, o Socialismo, o Laicismo, o Comunismo. O resultado final é a revolta contra toda autoridade, tanto contra o domínio de Deus como contra os governos.

A festa de Cristo Rei vem lembrar-nos que há uma autoridade, que não vacila, nem se deixa abalar, porque é divina : e esta autoridade é a de Jesus Cristo, “Rei dos reis e dominador dos dominadores” (I. Tim. VI. 15) . “Et erit Dominus rex, super omnem terram”.

É preciso proclamar o Cristo Rei, para que Ele reine sobre a sociedade e a reconduza à paz e à união.

O Cristo Redentor que, do alto do Corcovado, domina a Capital do Brasil, é o símbolo glorioso de seu reinado sobre nós!

EVANGELHO (João 18, 33-37) 33 – Naquele tempo disse Pilatos a Jesus: – És tu Rei dos Judeus? 34 – Respondeu,-lhe Jesus: – É de ti mesmo que isto perguntas, ou foram outros que to disseram de mim? 35 – Replicou Pilatos: – Porventura sou eu algum Judeu? O teu povo e os Pontífices entregaram-te nas minhas mãos: que fizeste? 36 – Tornou-lhe Jesus: – O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus partidários, sem dúvida, pelejariam para que eu não fosse entregue aos judeus mas agora o meu Reino não é daqui. 37 – Inquiriu Pilatos: Logo, tu és Rei? – Respondeu Jesus: É como dizes, eu sou Rei. Nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade: todo o que está pela verdade ouve minha voz.

Grupo do Evangelho diário. Alimente-se da Palavra de Deus e tenha uma experiência profunda do amor de Deus. Breves meditações feitas por padres para iluminar sua vida. CLIQUE AQUI.

Participe do nosso grupo do whatsapp para receber conteúdo em primeira mão. CLIQUE AQUI.

O REINO DE JESUS CRISTO

Este Evangelho é de uma expressão tão divinamente majestosa e tão ternamente autoritária, que basta meditá-lo um instante para fazer irradiar dele a majestosa figura do Cristo Rei. Basta uma página, destas para provar a origem divina do Evangelho.

Nunca o gênero humano, jamais a imaginação humana seria capaz de pintar um quadro tão sublime como o que nos representam estes cinco versículos do Evangelho. Meditemos um instante, para melhor saborearmos a sua doçura e apreciarmos sua harmoniosa beleza. Vejamos: I – A cena da proclamação; II – Os títulos desta realeza.

I – A CENA DA PROCLAMAÇÃO
Eram as vésperas da grande Festa da Nação. Antes que a aurora banhasse os altos montes que cercam a capital, um povo imenso e como que atarefado, fervilhava nas ruas e um ruído surdo zunia até nas casas ainda fechadas, tomando, aos poucos, as proporções e o ritmo encolerizado de uma revolta.

O governador, altivo e silencioso, sentado no terraço da antiga fortaleza que transformara em palácio, perturbado na calma de seu repouso matinal, não pode reter um gesto de impaciência e dirigindo-se ao centurião da guarda, perguntou-lhe, em voz de comando o que significava esse alvoroço.

Antes que o centurião respondesse, em frente ao edifício, apinhava-se uma multidão compacta, em demanda do palácio do governador. Será levantamento? Revolução? Crime? O governador, numa ordem ríspida e inquieta, mandou duplicar a linha dos soldados, que guardavam o palácio, saiu acompanhado de dois oficiais.

No pretório encontrou-se em frente a uma população amotinada cheia de ódio e de sangue. Gritos tumultuosos, insultos, ameaças, tudo isto se cruza num caos indescritível. Do meio da multidão destacou-se uma turba de homens semi-nus, mercenários a conduzir preso, um homem de uns 30 anos de idade. O prisioneiro não se parecia com malfeitor. De estatura acima do comum, porte nobre, cabelos
flutuantes, barba curta e bela, semblante regular, simpático, imponente, tudo denotava Nele nobreza e dignidade. Nenhuma palavra caía-lhe dos lábios, nenhum olhar indignado nem sequer um gesto repulsivo. Dir-se-ia um preso voluntário, ou então um homem que vive numa atmosfera fora do tumulto, que o cerca.

Ao ver tanta calma no meio de tanta agitação, tanta dignidade no meio de tanta baixeza, o governador pára, impressionado e compassivo, e impondo silêncio à turba agitada, pergunta-lhe em tom indignado: – De que é acusado este homem ?

Crescendo em audácia, os satélites respondem: – Se não fosse um criminoso não o teríamos remetido. O governador, ferido pela arrogância da réplica, responde num tom de desprezo : – “Pois bem, se é um malfeitor, julgai-o conforme a vossa lei.”

A turba, excitada por alguns de seus chefes, sabendo que tal direito não lhe cabe mais, começa a acusar o preso, gritando e vociferando: “Este homem perturba a nossa nação, dizendo-se o Cristo Rei!”

O governador, compreendendo o ridículo de tal acusação, examina o preso, cuja calma e dignidade despertam sua simpatia, e perturbam a sua superstição; sendo um homem sem religião, a idéia de qualquer divindade o amedrontava.

Sem responder, fez sinal que introduzissem o pretenso malfeitor no palácio, querendo falar pessoalmente com ele. O preso é introduzido e sem levantar o olhar, conserva-se numa atitude tão digna, tão fidalga, que o governador não hesita:  “este homem deve ser verdadeiramente um nobre, um rei. É ele, o representante da grande Roma do César todo poderoso – sente-se pequeno, pequenino, diante desta majestade – em frente a dignidade deste preso, de mãos ligadas e de olhos baixos.

Sente que não se trata aqui, nem de crime e nem de criminoso, e visivelmente perturbado, maniíestando involuntariamente a sua convicção, pergunta: – És tu verdadeiramente Rei dos Judeus?

Levantando o olhar, profundo sobre o seu interlocutor, o homem misterioso responde com um acento, que faz tremer o Governador: – Meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, meus súditos lutariam para que eu não fosse entregue aos Judeus, mas agora meu reino não é deste mundo.

O governador, ao ouvir esta voz, ao mesmo tempo tão suave e tão firme, tão calma e tão altiva, sente um medo misterioso percorrer-lhe o corpo sente-se em presença deste homem superior, cujo estado mísero deixa transparecer uma dignidade escondida. Como para confirmar os dizeres do acusado e patentear sua convicção, o Governador responde: – Então, tu és Rei?

A dignidade do inculpado está bem determinada, sua realeza não se limita mais a uma nação ou a um país. Ele não é mais simplesmente o Rei dos Judeus, mas o Rei Universal. A pergunta assim clara, precisa, merece uma resposta igualmente precisa e clara. E esta resposta brota-lhe dos lábios num tom que deve atravessar os séculos e as gerações além e ressoar até o fim dos tempos: Tu o dizes, eu sou Rei. E para mostrar que a sua realeza não é obra ou favor dos homens, mas uma dignidade, um poder e um título próprio, o homem misterioso ajunta – “Eu sou Rei, nasci neste estado, e vim a este mundo para esse fim, para testemunhar a todos a verdade, e quem ama a verdade escuta a minha voz.” (João 18, 37) .

II – OS TíTULOS DESTA REALEZA

Eis a proclamação divina da realeza de Jesus Cristo. Não digam que é uma novidade, uma inovação. Não; é tão antiga como o Evangelho. O fato, que acabamos de narrar, não é uma ficção imaginária é o Evangelho, texto por texto, palavra por palavra.

A cidade onde se desenrola este drama imortal é Jerusalém. A população amotinada são os Judeus amotinados pela sinagoga. O governador, testemunha e ator nesta sublime proclamação dos direitos e da dignidade do Cristo, é Pôncio Pilatos, Procurador Romano, governador da Judeia nesse tempo; e esse preso arrastado pelos Judeus, calmo, majestoso, é Jesus Cristo, O Deus homem, O Cristo Rei, que neste
dia a Cristandade aclama. Sim, o Cristo é Rei, não somente de um povo como Ele mesmo o declara, mas Rei de todos os povos, – Rei universal, Rei eterno, como canta a Igreja no seu grande símbolo ou profissão de fé: – Cujo reino não terá fim.

O profeta do Apocalipse chama-o: – “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Apoc. 19, 6 ). Os Santos Padres celebraram a realeza de Cristo. Basta citar Tertuliano, resumindo a tradição de seu tempo : – “Para todos os povos, diz, O Cristo é Rei, Juiz, Deus e Senhor. É o que canta a Igreja no seu triunfal Te Deum : “Tu
és o Rei da glória, ó Cristo! “. Ele é Rei por direito de nascimento, pois a união hipostática – união com a divindade – o faz herdeiro de todos os bens divinos: Porque tu és meu Filho, diz o Salmista, porque te gerei, podes pedir-me todas as nações da terra, e dar-tas-ei como herança ! (Salmo 2, 8 ).

É o que Jesus disse a Pilatos: – “Eu nasci neste estado”.  Ele é Rei ainda por direito de conquista, isto é, por via de mérito. Operando a redenção, tornou-se o grande libertador; salvou os homens da escravidão do demônio e dos horrores da morte eterna. Volta de sua laboriosa expedição com a bandeira gloriosa, tinta de sangue, sua cruz triunfante, conservando para sempre os estigmas de suas feridas. O Cristo é, pois, Rei.

Nada de mais positivo, nem de mais absoluto. Tudo está submisso a seu império, diz S. Paulo. Tudo isto é a realeza terrestre, e bem assim a realeza espiritual. Convém notar, entretanto, que Jesus Cristo não quis atribuir-se, durante a vida mortal, este império terrestre. Declara que seu reino não é deste mundo, ou melhor, traduzindo palavra por palavra o texto do Evangelho: “Agora, porém, meu reino não é deste mundo” (João 18, 36).

Na hora que estava diante de Pilatos, seu reino estava ainda limitado a seus Apóstolos e a poucos discípulos. Mas este reino deve ser, o Cristo, Rei universal, como universal é seu poder e universal sua autoridade. “O Rei de todos os séculos”, Ele deve reinar – “Reinará, apesar do ódio dos ímpios, dos ataques dos perseguidores, da fraqueza e da covardia de seus próprios filhos”. Ele reinará.

III – CONCLUSÃO

E como há de reinar o Cristo Rei? Tendo nas mãos o cetro do poder, e a coroa da eterna majestade, poderia reinar pela força, quebrando seus inimigos e esmagando os perseguidores, mas quer reinar pelo amor. Só o amor é digno de seu Coração.

Respondeu Santo Agostinho a alguém que lhe perguntou porque Deus permitia o triunfo de seus inimigos: “Deus permite-o, porque tem diante de si a eternidade.”

Nós temos pressa em vingar-nos e em derrubar os nossos inimigos, porque sentimos que nosso tempo é limitado, e que demorando, a presa pode escapar-nos.

Deus tem diante de si a eternidade, e, cedo ou tarde, os homens tem de cair em suas mãos. Ninguém pode fugir de seu poder. Ele quer reinar pelo amor. É para significá-lo que a Santa Igreja prescreve a Consagração a Cristo-Rei e quer que todos se sirvam da Consagração da humanidade, ao Sagrado Coração de Jesus.

Para reinar, Cristo quer seu exército, seus soldados. Em frente de Pilatos, Jesus disse que o seu reino não
era deste mundo, porque não havia ainda súditos capazes de lutar por Ele, afim de que não fosse entregue aos Judeus, por isso conclui: “agora porém meu reino não é deste mundo”.

Hoje o Cristo Rei tem súditos. Os católicos fiéis cifram-se por milhões. O Cristo tem, pois, soldados, exército, e a eles cabe lutar para que o seu Rei não seja entregue aos Judeus modernos: maçons, protestantes, espíritas, indiferentes, e conforme dito por Jesus, consiste principalmente na luta contra o respeito humano, que, entre os homens, é o grande obstáculo ao triunfo completo de Cristo Rei.

Guerra, pois, ao respeito humano! Sejamos católicos, mas saibamos mostrá-lo! Façamos reinar o Coração de Jesus em nossos lares, levantemos, publicamente, o seu trono de Rei, unindo deste modo e confirmando o seu reinado espiritual nas almas e o seu reinado terrestre e universal, no mundo.

É o triunfo que a Igreja Católica anuncia hoje pela proclamação desta Festa, que manda celebrar no mundo inteiro. Neste dia, saibamos fazer nosso esse grito de fé, e, depois de termos entronizado Cristo em nossos corações, exclamemos: – Viva Cristo que ama os Brasileiros!

Exame de Consciência do Ritual da Penitência

Previous article

Reze Esta Oração Para Lucrar Indulgência no Dia de Cristo Rei

Next article

You may also like

More in Liturgia

Comments

Comments are closed.