O Domingo de Ramos inicia a Semana Santa, a última semana de preparação antes da festa da Páscoa. No rito romano, a celebração da Missa de Ramos tem tradições particulares. Suas raízes encontram-se na Igreja primitiva e nos acontecimentos relatados na Bíblia.
Os símbolos presentes nesse dia têm como objetivo enriquecer a celebração da Paixão de Jesus, imergindo-nos nos acontecimentos de uma forma única para nos ajudar a refletir sobre a beleza e as riquezas do mistério pascal.
Aqui estão 10 dessas tradições e o significado de cada uma.
1 – Este dia é chamado de “Domingo de Ramos” ou “Domingo da Paixão”
O primeiro nome vem do fato de se comemorar a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, quando a multidão o recebeu com ramos de palmas (João 12, 13). O segundo nome provém do relato da Paixão que é lido neste domingo, porque de outro modo não seria lido em um domingo, já que no próximo domingo (Domingo de Páscoa), a leitura tratará da Ressurreição.
2 – Por que a Missa do Domingo de Ramos começa com uma procissão?
Além de imitar a procissão de Jesus em Jerusalém, a igreja é naturalmente um lugar que simboliza o céu, com a presença de Jesus na Eucaristia.
Você sabia que até mesmo os degraus que muitas igrejas possuem têm um significado? Sim! Os degraus na igreja elevam nossos olhos (e corações) a Deus, e nos lembram da subida de Jesus ao Monte Calvário. O sacerdote assume esta função e ascende a um “místico” Monte Calvário para oferecer o sacrifício da Missa, participando no único sacrifício de Jesus na cruz.
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3 – Jesus reivindica o direito dos reis na entrada triunfal em Jerusalém
O Papa Emérito Bento XVI explica em seu livro “Jesus de Nazaré: Da entrada em Jerusalém até a Ressurreição” que Jesus Cristo reivindicou o direito régio, conhecido em toda a antiguidade, da requisição de meios de transporte particulares.
O uso de um animal (o burro) sobre o qual ninguém havia montado é mais um indicador do direito régio. Jesus queria que seu caminho e suas ações fossem compreendidos com base nas promessas do Antigo Testamento que nele se tornaram realidade.
“Ao mesmo tempo, esse atrelamento a Zacarias 9,9 exclui uma interpretação ‘zelota’ da sua realeza: Jesus não Se apoia na violência, não começa uma insurreição militar contra Roma. O seu poder é de caráter diferente; é na pobreza de Deus, na paz de Deus que Ele individualiza o único poder salvador”, detalha o livro.
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4 – Por que usamos palmeiras ou oliveiras na procissão?
Os ramos representam os galhos que as pessoas usaram na entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. “A multidão estendia os mantos pelo caminho, cortava ramos de árvores e espalhava-os pela estrada” (Mateus 21, 8).
Podemos, com esse gesto, refletir se verdadeiramente temos acolhido Jesus Cristo como Rei de nossa vida e testemunhado Seu reinado através de nossas atitudes.
Bento XVI também assinala que o fato de os peregrinos estenderem suas capas no chão para que Jesus caminhe também “pertence à tradição da realeza israelita (2 Reis 9, 13)”. “A ação realizada pelos discípulos é um gesto de entronização na tradição da realeza davídica e, consequentemente, na esperança messiânica”, diz o texto.
Os peregrinos, continua, “cortam ramos das árvores e gritam palavras do Salmo 118 – palavras de oração da liturgia dos peregrinos de Israel – que nos seus lábios se tornam uma proclamação messiânica: ‘Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o reino que vem do nosso pai Davi! Hosana no mais alto dos céus!’ (Mc 11, 9-10; cf. Salmos 118, 26)”.
5 – “Hosana” é um grito de alegria e uma oração profética
No tempo de Jesus essa palavra tinha significado messiânico. Na aclamação de Hosana se expressam as emoções dos peregrinos que acompanham Jesus e seus discípulos: o jubiloso louvor a Deus no momento da entrada processional, a esperança de que tivesse chegado a hora do Messias.
Ao mesmo tempo, era uma oração que indicava que o reino davídico e, portanto, o reino de Deus sobre Israel, seria restaurado.
6 – A multidão que aplaudiu a chegada de Jesus não é a mesma que exigiu sua crucificação
Em seu livro, Bento XVI afirma que, os três Evangelhos sinóticos, assim como o de São João, mostram claramente que aqueles que aplaudiram Jesus na sua entrada em Jerusalém não eram seus habitantes, mas as multidões que acompanhavam Jesus e entraram na Cidade Santa com ele.
Este ponto é mais claro no relato de Mateus, na passagem depois do Hosana dirigido a Jesus: “E entrando em Jerusalém, a cidade inteira agitou-se e dizia: ‘Quem é este?’. A isso as multidões respondiam: ‘Este é o profeta Jesus, o de Nazaré de Galileia’” (Mt 21, 10-11).
As pessoas tinham escutado falar do profeta de Nazaré, mas isso não parecia importar para Jerusalém, e as pessoas de lá não o conheciam
7 – Por que o padre usa vermelho?
O vermelho é a cor do sangue e simboliza o amor, a paixão e o sangue do sacrifício. O vermelho é usado no Domingo de Ramos, na Sexta-feira Santa, em qualquer dia relacionado com a Paixão de Jesus, no Pentecostes e nas festas daqueles que morreram pela fé (mártires).
8 – Por que as imagens são cobertas?
Parece estranho que durante a época mais sagrada do ano os católicos cobrem tudo o que há de belo em suas igrejas, até mesmo o crucifixo. Não deveríamos estar olhando para a cena dolorosa no Calvário enquanto ouvimos a narrativa da Paixão no Domingo de Ramos?
Embora possa parecer contraditório cobrir estátuas e imagens durante a Quaresma, a Igreja Católica recomenda essa prática para aguçar nossos sentidos e construir dentro de nós um anseio pelo Domingo de Páscoa. É uma tradição que não deve acontecer apenas na nossa paróquia local, mas também pode ser uma atividade fecunda para a “igreja doméstica”.
9 – Por que a comunidade participa da leitura da Paixão?
O Domingo de Ramos abre a Semana Santa com uma recitação solene da Paixão de Jesus, e normalmente cada pessoa tem um papel neste acontecimento. Quando celebrado em uma igreja, os paroquianos assumem o papel da multidão. Isso culmina com toda o povo dizendo: “Crucifica-o! Crucifica-o!” Neste caso, reconhecemos o papel que nossos pecados têm na crucificação de Jesus e como Jesus sofreu e morreu por nós.
10 – O que fazer com os ramos abençoados?
Assim, como os filhos dos Hebreus com ramos de palmeira correram ao encontro de Jesus, somos também nós seus discípulos convidados a direcionar nossos passos e ações para Ele. Portanto, não os jogue fora, eles são um lembrete deste chamado. E no ano seguinte são queimados e utilizados como cinzas na Quarta-feira de Cinzas.
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