I. Que chamas de amor pelo Pai, se abrasou o Coração de Jesus! Um dos maiores sinais de amor que se pode dar a alguém, é fazer em tudo e sempre a sua vontade, mesmo que para isso seja preciso dar até a própria vida.
Esta foi a disposição contínua do Coração de Jesus: não buscou em toda a sua vida senão a vontade do Eterno Pai. Apenas encarnado no seio de sua Mãe, Ele diz: “Ó meu Pai, Vós rejeitastes as vítimas que os homens Vos ofereciam, quereis que Eu Vos sacrifique o corpo que me destes: Aqui estou, pronto para fazer a Vossa vontade!” (Hb 10, 5). Quantas vezes declarou que “descera do Céu, não para fazer a Sua vontade, mas a do Pai que o enviava” (Jo 6, 38).
Para fazer conhecer ao mundo o imenso amor que tinha a Seu Pai, Jesus lhe obedeceu até o sacrifício da Sua Vida pela salvação dos homens. É precisamente o que dizia ao sair ao encontro dos inimigos que vinham prendê-Lo para conduzí-Lo à morte: “A fim de que o mundo saiba que amo a meu Pai, e faço tudo o que Ele me ordenou, levantai-vos, vamos” (Jo 14, 31).
Deus nos promete a glória celeste mas com uma condição: que o nosso coração se torne conforme o Coração de Jesus. A união da vontade do homem com a vontade de Deus é que produz essa conformidade. Como o ódio divide as vontades, assim o amor as une; de sorte que duas pessoas se amam verdadeiramente quando uma quer o que a outra quer. “As almas fiéis a amar a Deus submetem-se a tudo o que Ele quer” (Sb 3,9).
São Crisóstomo diz que toda perfeição de amor consiste na santa resignação à vontade de Deus. Quando uma alma faz morrer a sua vontade própria para não deixar viver senão a vontade de Deus, atinge o máximo da perfeição.
II. Há pessoas que fazem consistir a sua santidade em fazer muitas penitências, comungar muitas vezes, rezar muitas orações vocais; mas nisto não consiste a perfeição. Consiste em submeter-se à vontade de Deus. Tudo o que o Coração de Jesus deseja de nós, é que cumpramos a vontade divina: “Meu filho, dá-me o teu coração, isto é, a tua vontade” (Pr. 23, 26).
Nunca se poderá chegar a esta suprema felicidade senão por meio da oração mental e contínuas súplicas, com sincero desejo de ser sem reserva do Coração de Jesus.
Oração
Coração de meu amadíssimo Jesus, Vossa ternura tem atrativos irresistíveis para arrebatar os corações. Tocai o meu pobre coração; ele também deseja apegar-se a Vós e viver nas suaves cadeias do Vosso amor.
Desde este momento Jesus, deponho todos os meus interesses, todas as minhas esperanças, todos os meus afetos, a minha alma, o meu corpo, tudo, enfim, à Vossa bondade. Aceitai-me Senhor, e fazei de mim segundo a Vossa bondade.
Ó meu amor, não quero mais me queixar das disposições da Vossa Providência. Sei que procedendo todas do Vosso Coração tão terno, elas são sempre cheias de amor e vantajosas para mim. Basta que Vós as queirais, eu também as quero sem restrição no tempo e na eternidade.
Quero viver e morrer estritamente unido a Vós. O que Vos agrada, me agrada; os Vossos desejos serão os meus desejos. Meu Deus, meu Deus, ajudai-me. Fazei com que, de agora em diante, eu não viva mais senão para querer o que Vós quereis, para amar a vossa amável vontade.
Quem me dera morrer por Vosso amor, ó Vós que morrestes por amor de mim e Vos fizestes o meu alimento!
Ó Maria, alcançai-me do Vosso Divino Filho uma perfeita conformidade com a vontade de Deus.
Santo Afonso Maria de Ligório
Tomo III – Primeira Sexta-feira de Novembro
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