Sebastião nasceu em Narbone, na França, em 260 mais ou menos, da estirpe de um nobre francês. Foi para Milão, onde recebeu educação, essencialmente cristã. Abraçou ali a carreira militar, em 283 , distinguindo-se logo pela lealdade, o brio e a coragem.
Sob o reinado de Diocleciano, Sebastião, conhecido pela sua bravura e prudência, foi distinguido pelo Imperador com o título de Comandante da guarda imperial, honra que era reservada aos mais ilustres oficiais. O Imperador admirava a figura imponente, séria e reservada do jovem comandante, e o fez habitar em seu próprio palácio.
Diocleciano ignorava que Sebastião era cristão, e este guardava o segredo, não por falta de coragem, mas, para mais eficazmente poder socorrer os cristãos perseguidos neste tempo.
Tendo entrada franca em todas as prisões, ia visitar e aliviar os sofrimentos das pobres vítimas, ali detidas pelos pagãos fanáticos, que odiavam a religião cristã.
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As numerosas conversões e milagres operados por vários santos, e pelo próprio Sebastião, acenderam mais o ódio pagão e fizeram recrudecer a perseguição contra os cristãos, a ponto de muitos destes deixarem a cidade para procurar refúgio nos campos.
O Papa São Caio, vendo a vida de Sebastião exposta a iminente perigo, aconselhou-lhe que se retirasse também; Sebastião, porém, preferiu expor e dar até a sua vida, a abandonar seus encarcerados.
“Pois bem, meu filho, disse-lhe o Papa, fica na arena da luta defendendo a Igreja sob o título de Capitão imperial”.
Pouco depois Diocleciano soube, por alguns cristãos apóstatas, que o Comandante da guarda imperial era cristão. Repreendeu-o, recorrendo a promessas e ameaças para que Sebastião deixasse a religião de Jesus Cristo.
– Sou cristão, respondeu Sebastião ; sempre julguei ser uma loucura implorar o auxílio de uma pedra inerte, que o homem pode quebrar sem castigo.
O Imperador exasperou-se diante desta linguagem firme e leal.
– Eu te distingui, exclamou, entre os principais vassalos da minha corte, e eis que me desobedeces, e insultas os meus deuses!
– Sempre invoquei Jesus Cristo para a vossa salvação e a conservação do Império, e sempre adorei o Deus, que está no céu, respondeu o intrépido militar.
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O tirano jurou castigar imediatamente o Comandante, porém, receiava uma sublevação do exército que muito estimava a Sebastião ; recorreu, pois, a uma tropa de arqueiros nômades (Kabylos) que neste momento estava em Roma, assalariada pelo Imperador.
Estes, alheios aos sentimentos de estima, que animavam os soldados romanos, obedeceram sem escrúpulos. Prenderam Sebastião como se fosse um malfeitor, sem consideração da sua alta patente de oficial, despojaram-no de suas vestes e amarraram-no a um tronco de árvore para servir de alvo às flechas, deixando-o no local do crime quando o julgavam morto.
De noite, Santa Irene veio retirar o corpo para sepultá-lo, mas encontrou-o respirando ainda ; levou-o para casa. Poucas semanas depois, Sebastião estava restabelecido dos ferimentos recebidos.
O nobre militar quis continuar a luta em favor da religião. Um dia, Sebastião foi colocar-se na escadaria do palácio, na hora em que Diocleciano ia passando; espavorido e julgando ser a sombra esmagadora de Sebastião, que se apresentava no palácio, o Imperador recuou, interpelando o fantasma:
– Não és tu Sebastião, a quem condenei à morte?
O herói respondeu com dignidade e desassombro:
– Sim, sou eu. Jesus Cristo me restituiu a vida e, em nome Dele, venho acusar-vos de todos os males com que atormentais os cristãos.
Fora de si, cheio de ódio, Diocleciano mandou prender o militar, que vinha despertar os seus remorsos, e fê-lo conduzir ao Hipódromo, onde foi morto a pauladas. Era 20 de Janeiro de 288.
Lição de Fé, Coragem e Dignidade
O que se depreende da vida de São Sebastião, é antes de tudo uma lição de convicção e de dignidade. São Sebastião era cristão, e este título, para ele, superava todos os outros títulos.
Nobre pela família e rico pela posição que ocupava, venerado por suas qualidades, podia aspirar a ocupar as primeiras dignidades do Império; mas, antes de tudo, se proclamava cristão, e os cristãos, nesta época, eram perseguidos cruelmente pelos imperadores pagãos de Roma.
Sem ostentação, mas com admirável convicção, Sebastião, sob o brilho da dignidade e do uniforme de Comandante da guarda imperial, consagrava sua vida a fazer o bem, a sustentar a coragem dos vacilantes, a mitigar os sofrimentos de seus irmãos.
Sabia a que perigos estava exposto; não ignorava que, cedo ou tarde, a traição ou a inveja haveria de denunciá-lo como adepto fervoroso de uma religião que a Roma pagã pretendia afogar no sangue de seus adeptos. Ele sabia de tudo, mas nada tomava em consideração: quis empregar a sua vida, a sua dignidade, o seu poder a fazer o bem, e desde que tudo isso não servia mais para a realização deste bem, ele preferiu perder tudo.
Era bem o militar, mas o militar nobre, o militar que quer defender a sua pátria terrestre, sem sacrificar a pátria do céu. Se a sua espada pertence à pátria, a sua alma pertence a Deus. Se deve benefícios ao Imperador, maiores benefícios deve a Deus.
Se é soldado, é também cristão. E eis Sebastião, de fronte erguida, brioso e digno para cumprir o seu ideal, sem hesitação, sem medo, sem respeito humano. A esta lição de convicção, o nobre soldado junta a lição de dignidade.
O exército o estimava e venerava, de modo que a palavra de seus lábios era o bastante para levantar a guarda imperial, como muitos outros já haviam feito, e dirigir contra o próprio Imperador a espada com que o ameaçava. Mas Sebastião era um santo, e um santo nunca é um revoltoso.
Respeitando a ordem de seu superior, ele sujeita-se com toda docilidade e prefere perder a vida, a ser infiel a seu juramento de fidelidade ao chefe do governo. Que coragem neste gesto sublime, em que Sebastião, depois de flechado pelos bárbaros, como um vulgar malfeitor, a despeito de sua dignidade e brio, vai ao encontro do sanguinário Diocleciano para dizer-lhe, publicamente, que a perseguição movida contra os cristãos é injusta e que estes cristãos são seus melhores e mais fiéis súditos.
Quase morrera, uma primeira vez, prefere morrer de fato, antes que calar-se, quando sente o dever de falar, para não aprovar, pelo silêncio, atos de crueldade, que o mundo e a consciência reprovam, mas que outros não sentem a coragem de assinalar.
Conclusão
Recolhamos estas preciosas lições da vida do glorioso mártir São Sebastião.
Lição de convicção religiosa, que sabe colocar acima dos interesses terrenos, os interesses de Deus e das almas.
Lição de dignidade, no cumprimento de seu dever, sem alarde, mas também sem respeito humano.
Hoje em dia, carecemos muito destas lições preciosas.
Há tanta indecisão na sociedade, porque há muita indecisão nas almas.
Há tanta indignidade na humanidade, porque os princípios religiosos deixaram de dirigir os cidadãos. Deus, em primeiro lugar e acima de tudo. “Não podemos servir a dois senhores”, disse o divino Mestre.
Sirvamos, pois, a Deus, e coloquemos abaixo de Deus todos os interesses passageiros, a situação a fortuna e até a própria vida, como soube fazê-lo São Sebastião.
Assim se realizou no ilustre mártir, a bem-aventurança proclamada pelo Salvador:
“Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, quando vos rejeitarem, insultarem e proscreverem vosso nome como infame, por causa do Filho do Homem. Alegrai-vos naquele dia e exultai, porque no céu será grande a vossa recompensa; pois do mesmo modo seus pais tratavam os profetas.” (Lucas 6, 22-23)
Padre Julio Maria Lombarde – Meditação das Festas Litúrgicas
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