O Coração de Jesus nos ensina porque devemos amar o próximo

I. O Coração de Jesus é todo caridade e quer que todos os cristãos amem-se mutuamente: esta era a recomendação em que mais insistia antes de deixar este mundo: “Amai-vos uns aos outros como eu vou amei”. Pode-se dizer que este é o grande mandamento do Coração de Jesus: “é o preceito do Senhor”, dizia São João. Também nada fere tanto a Jesus Cristo como a violação deste preceito; aquele que falta na caridade, fere-O na pupila dos olhos, mete-Lhe um espinho no Coração. Para evitar esta desgraça, consideremos que amar o próximo é amar a Jesus.

O Nosso Salvador disse a Santa Catarina de Genova: “Minha filha, aquele que Me tem amor, ama tudo o que Eu amo.” A razão que deve nos levar a amar nosso próximo é que ele é amado do Coração de Jesus. Também o Apóstolo São João declara que é “mentiroso aquele que ousa dizer que ama a Deus tendo ódio a seu irmão”.

Portanto, fazer o bem ao próximo é regozijar o Coração de Jesus porque Ele prometeu “considerar como feito a Si o bem que fazemos ao menor dos seus irmãos”, isto é, ao nosso próximo. Para saber quanto se ama a Deus, basta ver o quanto se ama o próximo.

No Coração de Jesus se reunem os corações caridosos. Ele é o Centro dos corações. É em Jesus Cristo que, como os primeiros cristãos, os fieis são “um só coração e uma só alma”. Com efeito, num corpo bem constituído, não pode haver senão um coração. Ora, a Igreja é, conforme São Paulo, o corpo místico e espiritual de Jesus Cristo.

Os membros da Igreja devem ter um só coração em Jesus Cristo. A santa caridade é fruto da oração que o Salvador fez a seu Pai na vigília da Sua morte, pedindo que os discípulos fossem um só, como Ele é um com seu Pai. Oh! Quão agradável é ao Coração de Jesus a alma verdadeiramente caridosa! Ao contrário, que espinho é para o Coração de Jesus a alma que lesa a caridade!

II. O Apóstolo nos ensina em poucas palavras como é necessário conservar a caridade: “Revesti-vos como eleitos de Deus, de entranhas de misericórdia”. Como a gente traz sempre consigo o vestuário e cobre-se com ele, assim em todos os nosso pensamentos, palavras e ações, devemos trazer conosco a caridade, e ser inteiramente cobertos por ela.

Ó Coração do meu Terno Redentor, quão longe estou de parecer Convosco! Vós fostes caridade para com os Vossos perseguidores, e eu sou cheio de rancor e ódio para com o meu próximo. Vós orastes com tanto amor em favor daqueles que Vos crucificavam, e eu só penso em vingar-me quando me causam algum desgosto. Perdoai-me Coração do meu Jesus. Não quero ser mais o que fui no passado. Dai-me a força de amar a quem me ofende e fazer-lhe o bem. Não me abandoneis à força das minhas paixões. Fazei com que eu nunca mais me separe de Vós.

Não permitais, ó meu amor, eu Vos suplico pelo Sangue que derramastes por mim. Pai Eterno, pelos merecimentos do Coração de Jesus, livrai-me de ficar fora da Vossa Graça. Se preverdes que ainda Vos ofenderei, fazei-me morrer agora que penso estar em Vossa Graça.  Ó Deus de Amor, dai-me Vosso Amor. Ó Poder Infinimo socorrei-me! Ó Misericórdia Infinita, compadecei-Vos de mim. Ó Bondade Infinita, atraí-me inteiramente a Vós. Eu vos amo Amabilidade Suprema.

Ó Maria, Mãe de Deus, rogai a Jesus por mim. O poder maternal que tendes sobre o Seu Divino Coração, constitui a minha esperança.

Santo Afonso Maria de Ligório

Tomo III – Primeira Sexta-feira de Outubro